segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Aberta em Bequimão pelo prefeito Zé Martins e autoridades a 1ª Semana do Bebê Quilombola do Brasil


Dez comunidades do município de Bequimão, localizado a 54 km de São Luís, foram mobilizadas para a 1ª Semana do Bebê Quilombola, que aconteceu hoje 25 e vai até 30 de novembro. O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria Extraordinária de Igualdade Racial, Prefeitura Municipal de Bequimão, Unicef, Fundação Josué Montello, Pampers e a empresa RGE uniram forças para levantar a discussão sobre a prioridade do direito à sobrevivência e ao desenvolvimento de crianças de zero até 6 anos de idade. A solenidade de abertura ocorreu na às 9h, na Câmara Municipal de Bequimão. Além do prefeito Zé Martins, compuseram a mesa a secretaria Claudett Ribeiro, o representante da UNICEF, a representante da Fundação Josué Montelo Dra. Carine, a Secretaria Municipal Dinha Pinheiro, a Presidente da Câmara Municipal e Uma representante das Comunidades Quilombolas do Municipio de Bequimão.

Os moradores das comunidades quilombolas ajudaram a elaborar a programação da Semana. Foram eles que escolheram, em assembleia, o tema “O Direito, a Sobrevivência e o Desenvolvimento da Criança Quilombola”, com o intuito de destacar os cuidados que se deve ter com a criança logo na primeira infância. As atividades serão realizadas, simultaneamente, nos povoados Santa Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal do Quindíua, Pericumã, Marajá, Conceição, Mafra, Sibéria e Juraraitá, todas certificadas como remanescentes de quilombolas.

Pioneira no Brasil, a Semana do Bebê Quilombola de Bequimão foi construída de maneira participativa e colaborativa, para servir como modelo a outros municípios do país. No começo do mês de outubro, a secretária Estadual de Igualdade Racial, Claudett de Jesus Ribeiro, e a secretária Municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial, Dinha Pinheiro, promoveram rodas de conversa em sete dessas comunidades.

Os moradores dos quilombos opinaram sobre aspectos importantes ao desenvolvimento infantil, como a necessidade de consultas ao pediatra, cuidados com alimentação, amamentação, brincadeiras e passeios, estabelecimento de limites desde cedo, bons exemplos dos pais, dentre outros.

A partir das respostas, foram propostas ações que valorizam o jeito característico, nos quilombos, de cuidar das crianças. “Assim como na África, tudo aqui é coletivo. Então, toda a comunidade educa a criança e todas se criam juntas. Queremos que isso seja reforçado, como forma de manter a identidade dos negros quilombolas”, destacou Claudett Ribeiro.

Em seu discursos o prefeito Zé Martins agradeceu a governadora Roseana, a secretária Claudett, aos parceiros UNICEF, à Fundação Josué Montelo, a Pampperes e a RGE. Mas, fez uma referencia especial aos moradores e à lideranças das comunidades envolvidas nesse grande projeto. Depois da abertura, todos se dirigiram para a comunidade de Ariquipá, onde puderam ver de perto todas as atividades que estão sendo desenvolvidos nas 10 comunidades.

Troca de experiências

Durante a Semana, serão partilhadas experiências que demonstram a necessidade de preservar a cultura da população quilombola. Haverá momento para se falar dos remédios, rezas e das crenças que vieram da África; para contação de história sobre a infância dos avós; discussão a respeito das mulheres guerreiras e da importância das crianças nos quilombos, além de conversas sobre gravidez e parto.

Pontos de luz, como serão chamados os facilitadores, estimularão histórias como a de Eunice Cruz Pinheiro, 24 anos, que deu luz ao filho Renan Cruz Pinheiro, hoje com 4 anos. Ela fez todo o pré-natal no hospital do município, mas no dia do parto estava chovendo muito forte e a ambulância não conseguiu chegar até sua casa, que fica após um rio. A solução foi realizar o parto em casa, tendo como parteira a própria avó. “Aqui, na comunidade, a gente acha até melhor ter o filho em casa, por que a gente recebe o cuidado da família. Além disso, todo mundo dá apoio, pode ser de qualquer pessoa, de um professor ou parente, que aconselham”,contou a jovem mãe quilombola.

Esse conhecimento tradicional dialogará com políticas de assistência e cuidados à primeira infância. Médicos, enfermeiros, nutricionistas e agentes de saúde estarão nas comunidades prestando serviços de vacinação, atendimento médico básico, orientação alimentar e de saúde bucal. “Reconhecemos a importância dessas comunidades para a história e para a construção do nosso município. Por isso, queremos oferecer todas as condições para que a identidade dos quilombos seja preservada, ao mesmo tempo em que ampliamos a assistência por meio das políticas públicas”, afirmou o prefeito José Martins (PMDB).

Bequimão em números
  • 20.339 habitantes;
  • 10.344 homens e 9.995 mulheres;
  • 13.748 vivem na zona rural;
  • 6.591 moram na zona urbana;
  • 6.921 identificam-se como brancas;
  • 13.319 são negros;
  • 18 comunidades remanescentes de quilombos;
  • 10 são certificadas pela Fundação Cultural Palmares.
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