sábado, 26 de janeiro de 2013

OS 100 ANOS DA MINHA QUERIDA INEZ!


Por Marita Gonçalves
Que pena a vida ter nos e parado fisicamente. Eu perdi;, asseguro-te. Sabes por que? Lembro-me com imensas saudades das nossas conversas de fim de tarde – em Pinheiro – sentadas à porta da farmácia da Paz, onde de minuto a minuto, levantavas para atender um cliente que chegava. Contavas pra mim histórias muito engraçadas que sabias pela tua amizade com a “Madrinha” Carmem, minha mãe. Tomei conhecimento maior sobre a cidade de Pinheiro da primeira metade do século XX,através das tuas narrativas, Inez. Tu me falavas das ruas e das casas; das famílias e das autoridades; das festas religiosas e dos cantos no coro da Matriz; dos bailes especiais e dos teatros; das moças bonitas e elegantes e daquelas que se vestiam de maneira destacada; dos amores e dos casamentos. Contavas como a população viajava para a capital a bordo das embarcações de belos nomes; cujos nomes me elevaram com: Cisne Negro, Hercules e Dunquerque, que bonito!
Inez, também discorria sobre as tragédias como a explosão da Usina Providencia, quando perdeste o noivo, uma das vitimas do incêndio. Falaste-me do naufrágio do Hercules (e eu imaginava um barco gigantesco e forte) que sossobrou (parece-me) à noite por ter-se chocado com a temida pedra do Itacolomy, o terror dos barqueiros que navegavam na baia de Cumã.
Se alguma coisa aqui está errada, desculpa a minha memória, que nada representa perto da tua. Esta é uma pequenina prova de todos estes fatos, relatados a mim, por ti amiga, com uma grande riqueza  de detalhes. ...E assim eu me deleitava diante do formidável “livro de histórias Pinheirense” que eu tinha ao meu dispor.
Inez, que dizer de ti, para ti?
Uma mulher bonita, esposa, filha, irmã, mãe e amiga excepcional! Uma mulher onde a vaidade ganha uma característica diferenciada, por que nunca está ausente. É necessário enumerarmos seus implacáveis vestidos, de seda ou outros tecidos especiais; a maioria das vezes estampados em corres vibrantes; de muito bom gosto; de modelos que refletiam os últimos ditames da moda bem ajustadas ao corpo, outra característica digna de destaque.
Inez, sempre tivestes um corpo que valorizava tudo o que usavas. Um corpo sem excessos, pelo contrario, um corpo adequado para a tua estatura: quadris coerentes com todas as medidas, pernas bonitinhas, busto norma e cintura bem marcada. 
Os cabelos estavam constantemente cortados (presume-se) porque nunca os vimos com cabelos compridos ou curtos demais, e emolduravam o rosto sempre na mesma medida. Nunca eu ti vi de penteado diferente, especial. O jeito simples como ti penteias está em perfeito acordo com tua personalidade.
Hoje, alguns anos depois desse nosso convívio mais próximo acham que continuas a mesma. Escolhes as roupas que queres vestir. As cores que ti agradam. E tens a sagacidade de dizeres não a qualquer modelo de boutique afamada, que compram para ti, mas que na realidade não achas que está de acordo com a tua maneira de ser.
Relembrando, mais uma vez, os tempos de Pinheiro, bem cedo ao acordares, ias compor, ao teu gosto, o tipo que conhecemos e aprendemos a gostar: a Inês bem vestida (de cores alegres), bem calçada (sempre de sapatos de saltinho) fechados e discretos. 

Compondo este perfil, mas se destacando de quase todas as senhoras da cidade, haviam acessórios: colares, brincos, anéis e pulseiras. Mas não eram acessórios do século XXI. Eram joias valiosas, lindas e ... barulhentas.
Sim, as belas e barulhentas pulseiras que deixam a Inês um ar especial (Não pensem que digo isto como critica. Falo como admiradora e adepta inconteste das pulseiras que brilham, que falam, que emitem sons, que fazem barulho.)

Também gosto de usá-las. Será que aprendi contigo essa particularidade? Mas devo esclarecer uma coisa, minhas pulseiras são joias do século XXI.

Enfim querida amiga, o sorriso sempre iluminou o teu rosto porque a alegria de viver sempre foi uma característica em tua vida.

E esses teus olhos marotos e inquietos nos dão, constantemente, a certeza de que estamos diante de uma pessoa inteligente; que estamos diante de uma pessoa de memória mais prodigiosa que conheço; que estamos diante de um monumento de Mulher – Inez Castro. 





Um comentário: