terça-feira, 9 de novembro de 2010

Saudades de Frey José


Dos mortos só se diz o bem – vale de todos, quanto mais de Frei José. Sua memória evoca-nos simplicidade, transparência, oração e compreensão. Homem que viveu perto das pessoas, das crianças e jovens, preocupado com a educação e a formação dos mesmos.
Nesta singela homenagem à sua memória, lembrarei alguns momentos que ocorreram comigo, na convivência com ele aqui no Colégio Pinheirense e agradecer a Deus por tê-lo enviado a nós.
_ Nas aulas de Desenho, o nervosismo e o silêncio tomavam conta de mim, ao vê-lo corrigir os exercícios e na hora das provas, que imaginava estarem corretos e inexplicavelmente aparecia um erro e o traço de vermelho vinha em destaque;
_ Nas aulas de Artes – aprendendo a mexer com eletricidade, tinha medo de levar um choque;
_ Na hora da forma, antes do inicio das aulas, se chegasse atrasado um minuto, ia para casa;
_ Recordo que no mês de dezembro de 1987, ele me convidou a trabalhar na secretaria e lá comecei em janeiro de 1988;
_ Lembro, quando o Sr. Benedito Bezerra, que na época era o Arquivista e tomava conta da documentação dos alunos, adoeceu e logo faleceu, Frei José me chamou e disse que eu deveria dar continuidade com o Arquivo, e eu respondi, Frei José, eu não entendo nada disso, e ele respondeu, “se vira moço, aprenda” e eu aprendi a lição;
_ Era um homem de oração, quando não estava em sala de aula ou na sua sala, ele estava com o terço na mão, rezando pelos corredores do Colégio em silêncio;
_ Era apaixonado por música clássica, de Bethoveen, Mozart, Vivaldi, Verdi e outros compositores;
_ Seu esporte favorito era vôlei-bol, admirava e conhecia bem cada lance das jogadas;
_ Era apaixonado por Pinheiro, pois em duas ocasiões eu presenciei este amor que tinha por esta cidade.
_ Quando em sua viagem à Roma no ano de 1990, ao retornar ele me disse, espero não ser preciso eu voltar lá, senti muitas saudades.
_ Quando fez a cirurgia do coração em São Paulo e estando em recuperação na casa do Provincial em Vila Formosa sob os cuidados do Pe. Cortez ele pedia para voltar logo para cá e tornar a ver o céu azul e os verdes campos de Pinheiro e ao retornar ele falou sobre isto;
_ Recordo seus últimos momentos conosco, e na manhã de sábado quando fui visitá-lo, ele estava com os olhos abertos já contemplando o reino dos céus e horas mais tarde chegava definitivamente nos braços do Pai e de Nossa Senhora do Sagrado Coração;
Jesus diz: “Eu sou a porta das ovelhas e elas me conhecem e eu as conheço uma a uma pelo nome, e o Frei José foi a porta da educação por onde inúmeros jovens e crianças entraram e adquiriam conhecimento e ele conhecia a todos pelo nome;
Obrigado Frei José pelos benefícios aqui deixados, como o seu filho ilustre; das aulas de catecismo de música, etc.
Agradeçamos a Deus por Pe. Risso que ao longo de 50 anos, conviveu com o Frei José, o Dom Pepinno como carinhosamente o chamava, embora não sendo seu irmão por parte de sangue humano, o era da parte do preciosissímo sangue do Sagrado Coração de Jesus, a sua congregação, onde cuidou e zelou fielmente por ele durante todo o período em que esteve enfermo. Ao Pe. Risso, a equipe médica e aos demais auxiliares que o acompanharam, que Deus os abençoe e lhes pague.
Diariamente e até poucos dias antes de sua morte, ele, junto com o anjo da guarda Reinaldinho e o Pe. Risso, cantou corretamente em latim a Salve Rainha e o Parce Domine, a oração dos MSC da Província Italiana.
Frei José, a saudade é imensa, mas, a certeza de que o Senhor se encontra no seio do Sagrado Coração de Jesus, nos dará força e coragem nesta longa jornada da vida;
Que o espírito de Comunhão e missão, o seu sorriso, seu exemplo de vida, sejam a melhor forma de recordar a figura singular e preciosa de Frei José.
Frei José, descanse em paz.
Osvaldo Roosevelt Castro

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